Ser um profissional de recursos humanos
hoje em dia é uma tarefa cada vez mais complexa. Se antes era necessário apenas
conhecer os processos burocráticos, como folha de pagamento e recrutamento e
seleção, atualmente é preciso dominar a linguagem dos negócios, pensar adiante
e atuar em parceria com as lideranças da empresa. Isso derruba a máxima de que
pra trabalhar em RH é preciso ser pedagogo ou psicólogo.
A nova realidade abre as portas para as
mais diferentes formações. Há engenheiros,
advogados e administradores tocando – e bem – a área de gestão de
psessoas. Isso porque a necessidade de o RH atuar estrategicamente modificou o
perfil do profissional desejado pelo mundo corporativo.
As companhias querem alguém com visão
de negócios, mesmo que não seja um especialista na área, como explica Marcos
Vono, diretor de recursos humanos do grupo educacional carioca Ibmec. Segundo
ele, a gestão comercial e a estratégia devem ser focos tão importantes para um
profissional de RH quanto a gestão de pessoas. “Ele precisa ir além dos
aspectos humanos. Tem de pensar em forma estratégica para conseguir propor
soluções que gerem vantagens competitivas e apoiem os funcionários a atingir
suas metas.”
O diretor executivo de RH da Sodexo
Motivation Solutions, Thiago Zanon, de 38 anos, é a prova disso. Formado em
administração de empresas pela Universidade de São Paulo e mestre em engenharia
de produção pela Universidade Federal de São Carlos, no internior paulista, o
executivo caminha tranquilamente pela área.
Com 15 anos de experiência, sendo oito
deles dedicados a consultorias (Monitor e Hewitt), ele sabe o peso do
desenvolvimento constante.
“Somos responsáveis por isso em nossas
carreiras. A participação em fóruns de discussão e o convívio com colegas da
mesma função são uma rica fonte de aprendizagem também.”, afirma.
Aliás, a decisão de trocar a
flexibilidade com que organizava seu trabalho de consultor para se dedicar ao
horário comercial de uma empresa deve-se ao desejo de ampliar sua viência
profissional.
Para ele, ser hoje um profissional
desse setor é estar comprometido com o sucesso da organização, sem perder o
foco de que são as pessoas que fazem isso acontecer. “Algumas vezes, na ânsia
de provar que entendem de negócios, os executivos de RH esquecem que precisam,
sim, entender de gente”, completa.
Como começar
Diante desse novo cenário, a
especialista em gestão de carreiras Tania Casado, professora do Programa de
Gestão de Pessoas da Fundação Instituto de Administração (Progep – FIA), de São
Paulo, aconselha o autoconhecimento. “Cabe ao profissional identificar suas
lacunas de desenvolvimento e buscar capacitação”, diz.
Segundo ela, há os que precisam de uma
formação mais abrangente em gestão de pessoas e há os que precisam se aperfeiçoar
em negócios.
A psicóloga Tatiana Lorenzi, de 35 anos , diretora de desenvolvimento humano e
organizacional da Tivit, fornecedora de serviços de TI, fez primeiro MBA em
gestão de relacionamento com clientes no Ibmec, um curso voltado para uma área operacional,
com o objetivo de entender melhor o negócio da empresa.
“Consegui identificar diversas
oportunidades de crescimento e desenvolvimento, com a aproximação, o
entendimento e o aperfeiçoamento da visão de negócio”, diz Tatiana. Em 2010,
resolveu iniciar o MBA, agora em recursos humanos, pela FIA, pra se preparar
para novos desafios e avançar ainda mais na carreira.
No fim de 2011, foi promovida ao cargo
de principal executiva da área de gestão de pessoas na Tivit. Para quem
pretende iniciar nesse segmento, recomenda-se um curso de especialização que
foque em gestão de pessoas e trabalhe os principais processos de recursos
humanos.
Quando a pessoa já tem pelo menos
quatro anos de atividade e possui experiência profissional em outras áreas, o
ideal é um MBA para que ele consiga manter discussões de negócios dentro da
companhia e abrir a possibilidade de trabalhar elementos que não são apenas
focados em recursos humanos.
De acordo com a professora Denize
Dutra, coordenadora do Instituto de Desenvolvimento educacional, que engloba o
FGV in company e o FGV management, e consultora na área de desenvolvimento
humano, o profissional deve gostar, também, de desafios e de pessoas.
“Ele deve conhecer os conceitos e as
ferramentas das ciências humanas, em particular da psicologia organizacional e
da teoria de administração”, diz. “Só assim é possível humanizar a gestão sem
perder o foco na perenidade e no crescimento do negócio.”, completa.
Fonte: Revista Exame
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